quinta-feira, 7 de abril de 2011

Antes de entrar p'rá igreja

Uma simples quadra que se costuma dizer antes de entrar na igreja:
Pecados ficai cá fora
que eu quero entrar p'ra dentro.
Quero ir visitar
o Santíssimo Sacramento.

domingo, 3 de abril de 2011

Tocam os sinos, na torre da igreja ...

O ritual

Como hoje foi domingo, de certeza que o nosso esmerado sacristão não teria deixado de, pontualmente, ter alertado os fiéis da nossa terra para a eucaristia dominical.
A propósito do toque dos sinos da nossa terra, vem-me sempre à ideia uma história que o meu professor de filosofia contava acerca da pontualidade de Kant, filósofo alemão do sec. XVIII. Segundo a lenda, a sua pontualidade era tanta que os vizinhos acertavam os seus relógios pela hora em que ele aparecia na porta de casa para iniciar a sua caminhada diária.
No que respeita ao Alberto, se estivermos com atenção, aperceber-nos-emos que, infalivelmente, as três vezes do toque da missa de domingo, são intervaladas por espaços de meia hora, certinhos. Há ainda um quarto toque de três badaladas simples, que significa a entrada dos homens na igreja, visto que as mulheres terão, por regra, de entrar ao terceiro toque. Já tenho perguntado noutros sítios se existe também este toque e parece-me que não é muito usual. Talvez o Alberto me saiba dizer um dia destes.


A concentração

Já há muito tempo que não subo ao campanário da nossa igreja, mas lembro que da última vez, fiquei com a ideia que, além de meter alguma impressão, as escaleiras estarem dispostas de uma forma irregular, o que dava a sensação de alguma insegurança. Certamente serão pormenores que não assustam o Alberto, que já deve conhecer o caminho de cor e salteado e como a carne não lhe pesa, até se encarrapita por ali acima com uma perna às costas, se preciso for. É obvio que todos nós sabemos distinguir os toques que soam dos nossos sinos, destinados a marcar os variados eventos religiosos , desde a simbologia da purificação do batismo, até à dolorosa e irremadiável perda do funeral.
Por acaso, conheço o toque dos sinos de outros lugares e nada se compara ao afinado toque dos nosso sinos, nem pelo som, nem pela habilidade do sacristão, onde ao som roufenho e inespressivo que escorre pela igreja abaixo, junta-se-lhe a falta de arte do tocador, que simplesmente faz tanger o badalo com umas simples e parcas baraçadas.

O domínio técnico

O nosso sacristão leva o seu ofício a sério, pois consegue tratar os sinos por "tu", manejando os badalos com tal técnica que consegue daí arrancar música para os nossos ouvidos. Estou até convencido que se atreveria com qualquer carrilhão que lhe pusessem nas mãos, tal é a sua habilidade no manejo dos badalos. Creio que o Alberto toca por gosto!
Mas na verdade, o Alberto além de tratar bem dos sinos, também se lhe impõe a responsabilidade de manter outras funções na igreja, importantíssimas para a nossa comunidade e para a nossa igreja. Embora o seu serviço pareça discreto, torna-se decisivo para o funcionamento da igreja e para o desenrolar das celebrações religiosas.
Quero aqui deixar a minha simples homenagem ao Alberto, por quem tenho a maior simpatia. E de mau grado será que, com o inevitável e normal decorrer do tempo, venhamos a ter saudades do toque dos nossos sinos e do nosso sacristão.

Fotos enviadas e legendadas por Manuel Freire Vilares

sábado, 2 de abril de 2011

Amanhã é domingo ...


Amanhã é domingo
cantará o pintassilgo.
O pintassilgo é dourado
não tem rabo nem cavalo
só tem um burrinha cega.
De castelos a castelões
o primeiro que falar
leva cem carros de cagalhões.

Esta lenga-lenga que me foi ensinada pela minha avó, fazia parte de um jogo(tipo jogo do sério) em que nos encaravamos frente a frente, e aquele que fosse o primeiro a rir-se perderia, sem a dita recompensa obviamente, mas só essa ideia fazia do perdedor motivo de troça. Esta versão, tal como a sei desde sempre, foi-me confirmada por pessoas mais velhas, tal e qual como aqui se apresenta.No entanto, movido por alguma curiosidade, lembrei-me de efectuar uma breve pesquisa na net e encontrei repetidamente esta lenga-lenga de forma ligeiramente diferente:

Amanhã é domingo
Cantará o pintassilgo
Pintassilgo é dourado
Não tem um burro nem cavalo
Tem uma burrinha cega
Que chega daqui a castela
Castelinha castelão
Minha avó deu-me um pão
Para mim e para o meu cão.

A propósito do pintassilgo (Carduelis carduelis), veio-me agora à ideia que já não há tantos como havia antigamente. Tendo sido caçador de passáros durante muito tempo, lembro-me de todos os que tinhamos armas de chumbos e não havia muito o hábito de matar este belo e colorido pássaro. Até me parece que se dizia que era pecado! E visto isso a esta distância, realmente até é. Havia muita gente que procurava os seus ninhos para os colocar em gaiolas, devido ao seu magnífico canto e também à sua plumagem. Lembro-me também de aparecerem por lá uns finórios que os apanhavam com visco (ou visgo). Ao que parece, nos dias de hoje é uma espécie protegida pelo que é proibida a sua detenção.